quinta-feira, 24 de abril de 2008

I Lost My Hero


I

O lamento, invariavelmente, possibilita mostrar, somente a perda...
Por si só, esmagadora.

Eu perdi o meu herói, que, como todo herói, tinha super poderes. Naquela noite estranha, cenário de uma dor esperada, eu vi ir embora uma grande pessoa, eu vi morrer um grande homem, que mesmo sem forças lutava por mais alguns segundos, que mesmo lutando, conservava o seu semblante calmo e acolhedor. Eu morri ali com ele por alguns minutos e não consegui gerenciar meus, até então, impassíveis, sentimentos. Me debati e por algum tempo não podia acreditar no que via

II

A dor é diferente em cada ser.
Cada qual a expressa de forma a acompanhar sua confusa identidade espiritual

Confesso que não chorei de imediato. Na verdade eu, simplesmente, não queria aceitar. Por longos minutos me imaginei em um tenebroso sonho infeliz, me imaginei longe dali, tão longe... Mas meus temores se confirmaram e eu não mais me fitei. Olhei em volta e percebi que meu sofrimento não era único , que a dor nascera ali de forma genérica, aí sim chorei, pois com tantas testemunhas haveria de ser mesmo verdade.

III

A esperança é o conforto do que crê.
O estigma do eterno cético.
A melhor amiga do incapaz.

Dali em diante, tudo desabara. Era de bom senso aceitar um fato novo e terrivelmente triste. Era necessário avisar a todos e por mais difícil que parecesse ser, recebê-los para a despedida. Era preciso tomar as providencias para que um novo lar o recebesse. Talvez o pior momento foi vê-lo sendo levado, pois havia a certeza de que dali ele não voltaria mais. Foi assim que meus pensamentos tomaram um rumo confuso, desacertado e intraduzivel, e assim ficaram até dar lugar a esperança de que Deus o guiasse pelos caminhos de luz que levam a Ele.

IV

Quando alguem se vai, leva pouco da gente e deixa um pouco de si também e é essa troca que faz com que sempre tenhamos um pouco um do outro.

Hoje eu consigo voltar a mente àquela noite e ainda confuso me proponho a aceitar, afinal a morte é uma etapa da vida e se ela existe é porque tem que existir, o que deve ficar realmente são as lembranças do meu querido velho que foi, sem duvida nenhuma, um grande exemplo de caráter, honestidade, coragem, perseverança, amor e honra extrema, um ser que o próprio Deus se orgulhou de ter criado. A esse Deus, deixo minha eterna gratidão por ter podido fazer parte da vida desse homem incrível , de ter tido a honra de ser seu filho, de ter conhecido esse verdadeiro HERÓI.

José Fernandes de Oliveira Filho (Dedicado ao grande amor da minha vida, meu pai)

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